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Muitos estudos apontam a área de TI como a que mais postos de trabalho abriu durante o último ano e meio com as mesmas expectativas para o futuro próximo. Mas outras duas áreas abrirão milhões de vagas nos próximos anos: saúde e educação.
Segundo a Confederação Nacional da Indústria, as profissões de Programador de internet, Programador de sistemas de informação e Programador Multimídia mais contrataram do que desligaram em 2020 até abril de 2021 com 9.566 vagas (cálculo que considera contratações menos desligamentos). Mas um estudo do BID-Banco interamericano de Desenvolvimento aponta que até 2040 o Brasil vai precisar de 10 milhões de profissionais de saúde e educação.
O estudo do BID detalha que o país vai demandar mais 1 milhão de médicos e 4 milhões e meio de enfermeiros até o ano de 2040, além de 4 milhões de professores.
A pesquisa constatou que a maioria dos trabalhadores desses setores sociais são mulheres e que a lacuna salarial de gênero é “substancialmente menor” nessas ocupações do que em outros setores. O estudo abrange a região da América Latina e Caribe, onde a diferença salarial é de aproximadamente 10% a menos para as trabalhadoras das áreas sociais, sendo que em outras áreas as mulheres recebem em torno de 28% menos que os homens.
Nas conclusões do estudo do BID, “muitas das tarefas que professores, médicos e enfermeiras realizam exigem uma série de habilidades interpessoais que dificilmente podem ser substituídas por inteligência artificial”.
Além das habilidades e competências técnicas próprias dessas profissões, serão exigidos dos trabalhadores que atuarem nessas áreas predicados muito fortes de relacionamento, pois os públicos são cada vez mais informados e exigentes, tanto, os clientes da área de saúde, como os da educação, então, os soft skills (competências comportamentais) é que podem ser o diferencial competitivo para o sucesso nas profissões.
O trabalho nas áreas de saúde e educação é um trabalho qualificado: professores se especializam nas mais variadas áreas do conhecimento, assim como médicos e enfermeiros atuam em diversas áreas, inclusive em pesquisa e desenvolvimento. A tecnologia tem trazido cada vez mais mudanças em todas as profissões. É importante lembrar que os clientes adotam, também com muita velocidade, ferramentas de comunicação e pesquisa, compras on-line, troca de informações e impressões sobre o médico, escola, professor, o quanto aquele estabelecimento adota as novas tecnologias etc. Então as competências de atualização tecnológica sempre serão exigidas desses profissionais, assim como aquelas de tratamento das ansiedades de clientes mais informados.
A pesquisa do BID diz que o número de trabalhadores na área de saúde e educação quadruplicou nos últimos 40 anos e que os salários aumentaram notavelmente nos últimos 15 anos. Além disso, três em cada quatro profissionais de educação e saúde na América Latina e Caribe são mulheres e, desse total, 22% atuam na área social.
No estado de São Paulo, a 18ª pesquisa do SindHosp-Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo, divulgada em 20 de agosto, levantou que metade (50%) dos hospitais aponta como maior problema no enfrentamento à pandemia o afastamento de colaboradores por problemas de saúde; 39% apontam a falta de outros profissionais de saúde e 11% a falta de médicos. 62% dos hospitais disseram que estão com dificuldade para reposição de funcionários.
Três razões, segundo as análises do BID sobre os dados coletados, justificam essa expectativa de aumento de empregos para educação e saúde. A primeira é que o trabalho desempenhado por esses profissionais tem baixa probabilidade de automatização, com tarefas que exigem habilidades interpessoais difíceis de serem substituídas por inteligência artificial. Em segundo lugar, o processo acelerado de envelhecimento da população que demandará serviços de saúde. Em terceiro lugar, o estudo avalia que há espaço para aumentar as matrículas principalmente na pré-escola e secundário e, além disso, a tendência é continuar diminuindo o número de crianças por professor.
A saída é garantir que esses novos profissionais tenham capacitação para serem os professores, médicos e enfermeiros do futuro.