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Habilidades verdes, empregos verdes, esverdeamento – esses termos devem aparecer no mundo corporativo cada vez mais. Profissionais já evidenciam em currículos as suas habilidades verdes e o movimento tem o suporte ou é impulsionado pelo consumidor que vem pautando suas decisões pelos valores e atitudes sustentáveis das empresas, assim como os talentos profissionais vêm escolhendo vagas de trabalho da mesma forma.
A onda verde não acontece apenas nos negócios e profissões diretamente ligados ao meio ambiente, e certamente vai se espalhar mais ainda para vários outros segmentos de negócios, da saúde à construção, educação, arquitetura etc., em cargos de engenharia, consultorias de risco, segurança, instalações, compliance, assuntos regulatórios, agronegócio, construção etc.
Especialistas alertam que milhões de novos empregos serão criados impulsionados por compromissos sustentáveis nas próximas décadas. Muitos dos estudantes que encontram-se hoje nas universidades seguirão profissões que ainda não foram criadas e talvez todas elas tenham ao menos um ponto de ligação com a pauta verde.
A plataforma LinkedIn, que soma quase 800 milhões de participantes de todo o planeta, diz que já é possível perceber o incremento dos chamados “talentos verdes” no mundo: um aumento de 9,6% em 2015 para 13,3% até 2021; ou seja, uma taxa de crescimento de 38,5%.
Uma notícia interessante é que 20% das startups no Brasil têm trabalhadores com competências verdes e este índice brasileiro é maior que os 18% da média global. A título de curiosidade, a Índia já ostenta a marca de 2% de empreendedores “altamente qualificados em verde”.
O número de “trabalhadores verdes” também cresce, porém, a tendência ocorre mais entre os profissionais com ensino superior. O LinkedIn levantou que a presença de talentos verdes entre as pessoas que cursaram uma faculdade cresceu 11% em média, por ano, entre 2015 e 21, sendo que esse índice foi de 9% entre os demais trabalhadores.
Mas o que são essas habilidades verdes? São aquelas que possibilitam ao profissional atuar de forma a promover a sustentabilidade ambiental da economia. Essas habilidades não são exclusividade de empregos ou negócios especializados em meio ambiente; existem em muitos setores da economia. Assim, surgem os “empregos verdes” que dependem das habilidades verdes. E há, ainda, os trabalhos de esverdeamento, que é a atuação dos profissionais ou a política de gestão para tornar os negócios mais sustentáveis e conectados com a preservação ambiental, mas também com a qualidade de vida.
O LinkedIn já conta com usuários que listam habilidades verdes em seus perfis e informa que a demanda por talentos verdes é maior que a oferta atualmente. Por isso, será necessário grande esforço para preparar os profissionais para essa forte tendência. Estudo do Fórum Econômico Mundial sobre o Futuro do Emprego de 2020 já apontava necessidade de requalificação dos trabalhadores. Segundo o relatório, 40% da força de trabalho terá de ser requalificada.
Fora da vida profissional, como consumidoras ou formadoras de opinião, as pessoas impulsionam o compromisso com a sustentabilidade ambiental. O estudo “A última chamada para a sustentabilidade”, do IBV (Institute for Business Value) ligado à IBM, ouviu 1.900 executivos globais e a maioria disse que quer mostrar ao mercado sua preocupação em promover uma economia mais limpa. Porém, menos de um terço especificou como irá mensurar suas metas de sustentabilidade – isso mostra que há um grande mercado latente e que exigirá profissionais para as adequações e inovações que virão pautadas pelos compromissos com o meio ambiente.
É importante saber que muito disso tudo vem impulsionado pela pandemia, mas a recente crise não é o ponto inicial das transformações que já vinham sendo gestadas ou estavam em curso, porém aceleradas com o advento da COVID-19. Percebemos que os profissionais que planejam suas carreiras seguem firmes na busca de novas habilidades e competências profissionais e as habilidades verdes vêm a somar com as outras que respondem às necessidades atuais dos negócios: resiliência, capacidade de solução de problemas dentre outras. E é difícil hoje pensar em organizações desconectadas de compromissos sustentáveis, desde o planejamento do negócio ao desenvolvimento de produto, inovação e marketing, tudo terá, cada vez mais, o filtro verde.