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Não é mais surpresa encontrar vagas abertas em grandes corporações para grupos que há anos vêm reivindicando mais espaço e voz no mercado de trabalho. A diversidade é estratégica não apenas nos quesitos responsabilidade social e inclusão, mas na busca de resultados.
Os executivos estão sentindo que diversidade é uma riqueza e não um problema, como aponta a consultoria Transcendemos. O olhar para a inclusão de pessoas LGBTQIA+, pessoas acima de 50 anos, refugiados, ex-detentos, negros, deficientes, indígenas, pessoas com deficiência e outros está posto; não há volta.
A diversidade é a soma de atributos, comuns a muitos, mas que reunidos em uma pessoa a tornam um ser humano único. E, nisso, conta-se desde as características e condições físicas, mas também a cultura, as experiências acumuladas, a religião e crenças, a etnia, a identidade de gênero e a orientação sexual, dentre outras coisas.
Por isso, quando vemos uma organização abrir vagas exclusivas para um único gênero, entendemos que o debate já mudou – e isso já vem acontecendo. Segundo o portal Transempregos, 1.419 vagas exclusivas para profissionais transgêneros foram abertas em 2020, sendo 707 profissionais empregados no ano. Do total de currículos cadastrados na plataforma, 40,2% têm graduação, mestrado ou doutorado. Os números certamente estão aquém da realidade, conforme aponta o portal, mas mostram uma abertura importante do mercado para a diversidade.
A consultoria Transcendemos, especializada no tema trans, atua buscando vagas exclusivamente em organizações comprometidas com a cultura de respeitar e valorizar as pessoas sem discriminação de gênero. Até o discurso está mudando. Empresas que garantem oportunidades sem discriminação para profissionais transgêneros já são chamadas “transfriendly”.
Um estudo da consultoria McKinsey aponta que empresas que abrigam diversidade de gênero em suas equipes executivas, que é de onde partem as decisões, são 21% mais propensas a ter rentabilidade acima da média e aquelas com maior diversidade étnica, também em suas equipes executivas, têm 33% mais propensão à rentabilidade.
Uma pesquisa da OIT, Somos Diversidade e UNAIDS Brasil, divulgada em novembro de 2021, concluiu que a maioria das empresas no Brasil se preocupa em ampliar a diversidade, o que é um dado positivo por estar em sintonia com a sociedade. Segundo o estudo, 87% dos entrevistados disseram que as empresas querem ser reconhecidas por valorizar a diversidade. Mas, o número despenca quando se trata da prática. Apenas 60% das respostas apontaram que as organizações desenvolvem programas de inclusão.
O trabalho mostra que ainda há desafios reais, com preparar o ambiente de trabalho para acolher, reter e desenvolver talentos de pessoas provenientes de grupos marginalizados.
As organizações que estão avançando nesse campo já experimentam resultados interessantes. Num primeiro momento – e se a empresa tem uma política aberta para opiniões de sua equipe, se incentiva o diálogo, a troca de ideias e experiências, se tem grupos de discussão –, a diversidade em todos os sentidos (acadêmica, de raça, credos, gênero, política etc.) é uma fonte importante para enriquecer o discurso. O segundo momento é que essa interação de cultura e experiências incentiva a criatividade na busca de soluções, desenvolvimento ou mesmo no enfrentamento de crises e atuação estratégica do negócio. Por fim, as diferentes visões contribuem positivamente com os resultados de qualquer negócio e a empresa está alinhada com a sociedade contemporânea e suas transformações.
Para ampliar essa discussão, é fundamental salientar que essa visão de que a diversidade é salutar para os negócios é positiva porque a diversidade é mais um item para agregar, porém, o recrutador precisa de perfis com habilidades e competências específicas e amplas, formação acadêmica, resiliência, autodesenvolvimento, criatividade e outros vários requisitos que respondam aos desafios do mercado.