A preocupação com qualidade, produtividade, padronização e outros modelos de gestão que melhorem processos nas organizações não é recente e, ao longo dos anos, esse debate evoluiu muito desde a Era da Qualidade Total, que, segundo contam, veio do engenheiro Armand Feigenbaum, expert no assunto, que nos anos 1950 doutorou-se no Instituto de Tecnologia de Massachusetts e tornou-se, depois, diretor mundial de produção da GE. Por décadas o termo foi perseguido pelos empreendedores como estratégia competitiva. E várias teorias de gestão organizacional surgiram até que chegamos ao ESG – este, sim, lançado em um pacto global pelas Nações Unidas.
O ESG revolucionará em curto prazo as práticas no mundo dos negócios – tanto que o pacto da ONU leva o título de Ambição 2030 e vem atraindo e preocupando empresas em todo o planeta e o Brasil é um dos que mais procuram pelo assunto – pelo menos pelo Google.
A procura pelo tema na internet cresceu 150% num levantamento dos 12 meses anteriores a fevereiro deste ano, segundo o Google Trends, a pedido do Valor Econômico. Na América Latina, o Brasil foi o país que mais buscou informações sobre o assunto e ficamos, ainda, entre os 25 países no mundo que mais pesquisaram ESG.
A novidade é que ele conecta interesses de quem produz ou fabrica, de empregadores a empregados, de quem vende, de quem compra e consome, sem negligenciar temas como direitos humanos, meio ambiente, inclusão, diversidade e outros.
Em 2020, um estudo da consultoria Grant Thornton mostrou que 89% das lideranças de empresas brasileiras reconhecem a importância das práticas ESG para os negócios. Neste cenário, o mercado exigirá profissionais especializados, mas eles já estão em falta no mercado. Segundo pesquisa do CFA Institute, dos Estados Unidos, menos de 1% num universo de 1 milhão de contas do setor financeiro analisadas no LinkedIn em dezembro de 2021 possuía qualificação nessa área. E os salários também são muito atrativos.
Um estudo da Abraps-Associação Brasileira dos Profissionais pelo Desenvolvimento Sustentável e da consultoria Delloite mostra que o profissional de ESG pode ter várias especialidades, desde design de produtos a engenharia e gestão ambiental, por exemplo, e que a tendência é que esses profissionais tenham alto nível de escolaridade: três em cada quatro têm pós-graduação e mais de 40% deles têm especialização na área.
E as organizações vão procurar cada vez mais o profissional especializado no assunto. É bom reforçar que o profissional de ESG não é aquele com formação em áreas ligadas a meio ambiente. O ESG é muito mais abrangente e visa a promover boas práticas em todas as áreas de atuação de todo tipo de organização. Por isso, esse mercado que deve movimentar US$ 53 bilhões até 2025 já vê dificuldades em contratar – isso, por consequência impacta em aumento de salários ofertados. Só no ano passado, o setor ESG movimentou 30 trilhões de dólares no mundo.
Vários levantamentos mostram claramente a atenção das organizações para o tema: estudo da SAP revelou que o tema sustentabilidade está na agenda dos executivos das companhias latino-americanas e que 69% das empresas já adotam estratégias nesta área – no ano passado apenas 46% tinham projetos em prática ou planejamento para isso.
Voltando à qualidade total da década de 1950, só para citar um dos vários exemplos que fervilharam no século passado, especialmente a pós a II Grande Guerra, as coisas evoluíram muito. Várias teorias surgiram no mundo corporativo, ganharam força e se perderam no caminho, mas, possivelmente, todas elas contribuíram para chegarmos ao ESG, sigla em inglês para governança ambiental, social e corporativa. Por tudo isso, está muito claro que o ESG vai nos impactar a todos – líderes, empresários, empregados, cidadãos em geral – e é imprescindível não apenas olhar com atenção, mas entender o novo cenário através dessa sigla.